domingo, 17 de julho de 2011

Os 7 melhores contos (ou narrativa curta) da literatura universal, por Leandro Souza


O Conto é o gênero literário que possui como característica principal a narrativa pouco extensa, concisa e que contem unidade dramática, porém menos complexa que o romance. Geralmente o foco da narrativa é voltado para apenas um ponto de vista.

Tendo em vista essas características, escolhi dentre muitos, quais os contos que mais me marcaram, não esquecendo de considerar a qualidade literária. Segue a baixo minha lista:


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1.  “A Metamorfose”  de Franz Kafka.

2.  “A dama do cachorrinho” de Anton Tchekhov.

3.  “A morte de Ivan Ilitch” de Liev Tolstoi.

4.  “O poço e o pêndulo” de Edgar Allan Poe.

5.  “O capote” de Nikolai Gogol.

6.  “Os mortos”  de James Joyce.

7.  “Bartleby, o escrivão”  de Herman Melville 



sábado, 16 de julho de 2011

Frase da semana:



"O que humaniza o ser humano é justamente o fracasso".

Luis Felipe Pondé, filósofo brasileiro, em mesa de debate na FLIP,
falando sobre os perigos na busca pelo ser humano perfeito.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

93 anos de Bergman.

Se Ingmar Bergman estivesse vivo teria completado ontem, 93 anos de idade. Diretor de cinema extremamente habilidoso e original demonstrou através de seus filmes, como o cinema pode ser uma verdadeira obra de arte.  Encarar a 7ª arte como diversão ou simples entretenimento nunca foi a intenção de Bergmam, e isso se torna evidente na análise de sua obra. 

 Com ele o cinema ganhou características de ensaio filosófico, preocupado em revelar a profundidade dos sentimentos e inquietações humanas. Nos relacionamentos entre os personagens de seus filmes, fica claro o mal estar causado pela dificuldade de se comunicarem e pelas incompatibilidades entre si. A intenção do cineasta era expor ao público, como o ser humano tem dificuldades no relacionar com o outro. A temática da descrença no progresso contínuo da humanidade e nos valores religiosos, bem como o desespero do homem em suportar um mundo hostil e sem finalidade, são recorrentes em suas obras. Todos eles retratam os personagens numa incansável busca pelo sentido último da existência, como se tentassem encontrar algo pelo qual a angústia e o mal estar do viver possam encontrar alívio.

 

 Sua obra cinematográfica é vasta e recheada de obras primas. Uma delas é o emblemático “O Sétimo Selo”, no qual traz a problemática da fé e da morte. Um cavaleiro cristão retorna depois de muitos anos em batalha na guerra das Cruzadas para a Suécia, sua terra natal. Ao chegar encontra seu país arrasado pela peste negra. Decepcionado com os horrores da guerra bem como a miséria que presencia ao voltar, entra em desespero. Questiona-se sobre a existência de deus e do porque de tanto sofrimento. Depois, ao deparar-se com a morte, propõe a ela uma disputa em um jogo de xadrez, a fim de ganhar tempo, ou quem sabe, se tiver sorte, se livrar do fim eminente. Em nenhum momento ele consegue respostas para suas indagações que tanto o angustiam, dando-se conta assim que não há salvação, e que a morte sempre vence no final. 

Em “Morangos Silvestres”, outra obra prima do cineasta sueco, após o indescritível início, somos presenteados por Bergman com um inesquecível road movie filosófico. Um velho professor aposentado, que possui como marca registrada o egoísmo, leva a nora em uma longa viagem de carro, após recusar-se a viajar de avião. Durante o caminho, em uma aflitiva seqüência de cenas onde analisa a própria vida, relembra fatos e momentos dela, onde percebe as conseqüências das ações tomadas, chegando a também a conclusão da inexistência de salvação, e que somente o amor podem tornar a existência mais suportável.  

Estes dois são alguns dos mais de 46 filmes dirigidos e roteirizados por um dos maiores cineastas da história do cinema. Os filmes de Bergman relatam de uma forma trágica a visão de mundo do diretor, que embora não seja muito otimista, consegue de uma maneira ímpar apreciar a beleza da vida, enquanto ela própria revolve-se em um mar de lama.  

Logo abaixo, um vídeo produzido pela revista Veja, que ressalta as principais obras do cineasta.  




quinta-feira, 14 de julho de 2011

O peso ou a leveza...


"A vida humana acontece só uma vez, e não poderemos jamais verificar qual seria a boa ou a má decisão, porque, em todas as situações, só podemos decidir uma vez. Não nos são dadas uma primeira, segunda, terceira ou quarta chance para que possamos comparar decisões diferentes"
 Milan Kundera

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Carta a Mãe (2ª Parte)

Edvard Munch, Separação


Querida Mãe,

Gostaria de dizer-lhe por meio desta carta que estou muito bem, e que indubitavelmente cada vez mais, estou firme em minha convicção de buscar os meus objetivos, e de zelar pelo bem estar dos que me são queridos. É com imenso prazer que admito estar aproveitando todas as fases de minha vida, mesmo com os problemas que ela invariavelmente podem nos trazer. Como você bem deve saber, as crises e os problemas são partes da vida também.

Como estou na expectativa de ser pai pela segunda vez, espero poder usufruir da oportunidade de contribuir no desenvolvimento de meu filho, além de curtir cada segundo a seu lado. A mudança de visão de mundo que a expectativa do nascimento de um filho produz em um pai é mesmo indescritível.

Entretanto confesso ter ficado triste com sua decisão de não querer manter mais contato com seus filhos. Mesmo que você justifique tal atitude tendo como embasamento suas convicções religiosas, penso que isto não seria motivo suficiente para tal decisão. Se eu não acredito nas doutrinas de sua religião isso não poderia nos proibir de manter contato, visto que eu não me importo nem um pouco se a senhora acredita em qualquer coisa em que eu acredito. Isso não é relevante. É por essa razão e muitas outras que tenho um certo olhar de desaprovação em relação a suas afirmativas de dizer ‘o quanto ama seus filhos’. Se tudo isso é um esforço seu em querer nos forçar a freqüentar sua igreja, essa tentativa é com todo respeito, muito infantil e egoísta e consequentemente em vão.

Gostaria de lhe dizer também que você não me faz sofrer como a senhora imagina. Não precisa se desculpar.  Tenho uma vida gratificante e tento com isso administrar ela da melhor maneira. Como disse anteriormente, apenas fico triste em saber de sua decisão. Dentre muitas coisas, posso dizer que tanto você como eu, perderemos muito com esse relacionamento desfeito. Espero apenas que você consiga com isso tudo o que deseja, seja lá o que realmente for.

No mais, quero que seja feliz em sua vida e que a igreja traga tudo o que você não conseguiu com seus filhos. Ela realmente pode ser um lugar de refúgio para todos aqueles que de alguma forma se sentem sós. Tornamos-nos muito diferentes um do outro e não há nada o que possamos fazer em relação a isso.

Posso lhe dizer que guardarei sempre na memória, a vida que tivemos e tudo aquilo que passamos juntos. Foram muitos momentos felizes e também infelizes que me trazem saudades. A vida cuidou para que estes momentos fossem fundamentais para minha formação e me transformassem naquilo que sou hoje.

Adeus,

Le..........  

Esta carta é uma resposta de Carta ao Filho

Muitos anos de Vida


Nesse dia de hoje, vai aí um post dedicado a comemoração do dia do Rock.



Que estas canções possam permitir transcender quem as ouve



Que esses artistas sejam também homenageados pela contribuição que deram a cultura da humanidade



pela tentativa de transformarem o mundo pela música, 



e de buscarem a possibilidade de tornar pessoal a busca pela liberdade.



"O Inventor de Quimeras" (4ª parte)



O certo é que o ódio e a raiva são sentimentos que vão sendo cultivados por alguém aos poucos. Nascem no estômago e por isso, dizem alguns especialistas, são sentimentos que devem ser evitados, pois estes podem fazer o indivíduo sucumbir. Remoer a raiva seria prejudicial à saúde mental das pessoas que insistem em não perdoar seus detratores. Raiva e ódio reprimidos seriam os principais causadores de gastrite estomacal e de muitas doenças psicológicas. Para esses especialistas o melhor seria conter-se no momento e depois, a sós, extravasar contra o espelho, contra um travesseiro, ou até mesmo gritar contra o nada sozinho em um quarto.  Parar para pensar e refletir do porquê de toda ira, seria também um dos remédios contra tais sentimentos indesejados.

Só que falar é fácil. O fato é que mesmo fazendo todo o possível para não sentir ódio ou raiva de alguém ou algo, esses afetos podem insistir em permanecer. E no final existe a possibilidade de aparecerem com maior intensidade, podendo acontecer da pessoa raivosa explodir a qualquer momento.

Numa sexta feira véspera da data no qual completaria 22 anos, Sidney não parecia estar feliz. Não passava a sensação de bem estar de outrora.  Parecia carregar um peso enorme nas costas. Andava de um lado pro outro dentro de seu pequeno quarto, com os punhos cerrados dentro do bolso da calça. A tensão era enorme. Sabia que teria que fazer algo a respeito. Entretanto não pensou em nenhum momento em utilizar dessas técnicas anti-ódio. A raiva preencheu de tal maneira seus pensamentos que não sobrava espaço pra mais nada. Odiava principalmente sua mãe. Não queria mais saber daquela velha preta, bêbada e vadia do caralho. Iria embora daquele lugar naquele mesmo dia. Faria uma pequena mala e sumiria para nunca mais voltar. Nem que fosse para errar a esmo sem destino, vivendo nas ruas com criaturas maltrapilhas que encontrasse pelo caminho, sairia dali sem pensar duas vezes. Afinal, pensou ele, o que seria pior que morar naquele barraco com aquela macaca bêbada?  

Por isso começou a fazer a trouxa de roupas que levaria consigo. Escolheu duas camisetas, duas calças jeans surradas e as colocou dentro de um saco plástico de supermercado. Ajoelhou-se diante da cama e puxou debaixo dela uma caixa de sapatos. Lá dentre 7 livros, escolheu apenas dois para lhe fazer companhia em sua jornada. “Crime e castigo” de Dostoievski e um romance policial que adorava intitulado “Nem os mais ferozes” de Edward Bunker. Ainda ajoelhado, desdobrou a orelha do livro e releu a pequena biografia do escritor norte americano: Autor de diversos romances que retratam de modo fiel a vida criminosa... escritor, roteirista, ator...preso por diversas vezes... tendo atuado com Quentin Tarantino. Pode parecer besteira, mas aquelas poucas palavras sempre o inspiravam. Ficou impressionado quando soube da vida desse autor pela primeira vez. Achava incrível como alguém poderia ter ido do céu ao inferno daquela maneira. Escrever vários livros na prisão Folsom e ainda atuar em "Cães de Aluguel". Era demais para aquele negrinho. Já havia lido todos os livros de Bunker, e sempre que podia relia “Nem os mais ferozes”, seu predileto. 

Colocou os dois exemplares dentro da sacola, levantou e partiu rumo ao desconhecido, firme na convicção que sua vida dali para frente seria diferente. Ao abrir a porta do quarto viu sua mãe deitada bêbada no sofá velho da sala assistindo televisão. Olhou para o rosto da velha e pensou em estrangulá-la ali mesmo. Ou então cortar-lhe a jugular enquanto dormia, anestesiada pelo álcool. Depois poderia enterrar o corpo ali mesmo no chão da sala. Ninguém daria falta da bêbada rabugenta. Ficariam até agradecidos a ele caso descobrissem a verdade. Mas não poderia fazer aquilo tudo. Era medroso demais pra premeditar um crime. Decidiu não se despedir e partir antes que ela desse conta de sua ausência, já que ela estava com os olhos fechados.  Mas sua mãe não era tola. Ao sentir a presença dele, logo soube que o filho estava aprontando alguma.

Esse conto continua.........
(To be continued) 


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