sábado, 30 de janeiro de 2010

A paixão de Eco.


Eu vos conjuro amados irmãos, e digo-lhes em verdade:
Vislumbrai a aurora de um novo dia,
Um dia que nascerá outra vez um velho ídolo,
Que guiará os povos pelos meandros dos trilhos obscuros da vida,
E ele voltará das profundezas do esquecimento,
E será sozinho o senhor das ações dos homens.
Pois ouve um tempo que os mitos de Édipo, Sísifo e Fausto,
conduziam o mundo dos homens,
Por meio destes, baseavam-se seus atos,
E suas histórias refletiam-nos a condição de vazio da existência humana,
Porém, eu vi nas linhas sinuosas do horizonte,
Este velho ídolo ressurgir, com grande autoridade em suas mãos,
E a terra ficou iluminada com seu resplendor e sua glória,
E ele trazia consigo boas novas aos povos de todas as nações,
E clamou com voz alta a Édipo, Sísifo e Fausto:
‘Vão para longe, e subi ao monte do esquecimento,
Lugar onde descansam outros mitos,
Pois já passou o tempo,
E instaurou-se uma nova era,
A era em que o individualismo puro é a maior de todas as virtudes,
Pois ouve um tempo em que os homens davam maior valor a virtudes sociais e morais,
Valores estes voltados para a família, à comunidade ou até mesmo para a nação,
Mas, já é hora de um novo homem,
Que refletirá por inteiro as minhas ações,
E será fiel a mim até o fim dos dias’.
E voltando-se para o mundo dos homens clamou em júbilo com voz alta, pra que todos eles pudessem ouvir, dizendo:
‘E eu vim trazer-lhes um novo tempo,
Um tempo de mudança,
Um tempo para novos atos nas relações com os homens,
Um tempo em que vos tratareis vós mesmos diversamente:
E Amarás somente a tu mesmo,
E não sobrarás em teu coração,
Espaço para outro amor,
Por que já passou o tempo do sentimento de amor ao próximo.
E instalou-se o tempo de amar acima de todas as coisas, a si mesmo.
E zelarás pela própria saúde,
E preservarás a tua própria situação material,
E procurarás apenas o teu bem estar,
Amar-te-á de toda a tua alma,
E não haverá para ti beleza maior que tuas próprias faces,
Achando-te estranho e feio tudo que não for espelho,
Realizarás todos os teus desejos e intentos sem exceção,
Louvando mais do que nunca o egoísmo e o hedonismo presentes em ti,
Não farás nada para além de uma busca interminável de Si.
Se fizerdes isso, ficarás bem,
O vazio que sentes a solidão em que te encontras,
Desaparecerá de teu íntimo,
E será dado um novo sentido a existência humana,
Por que os deuses morreram, mas o ‘eu’ vive.
Eu sou Narciso, estas são minhas palavras verazes.
E esta é a minha boa nova’.



Este texto é a minha visão para o narcisismo do homem contemporâneo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ó homem, desconhece-te a ti mesmo.


Livros e livros de autoajuda abarrotam as prateleiras de grandes e pequenas livrarias. Milhares de títulos que tem como objetivo um auto-conhecimento, específicos ou não, são a maior fonte de renda do mercado editorial. Está na moda seguir o conselho da inscrição do Oráculo de Delfos: “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo.” Como o mesmo oráculo proclamou Sócrates o homem mais sábio da Grécia este ajudou a espalhar pelo mundo a idéia do conhece-te a ti mesmo. A ‘busca do eu interior’ se tornou a tendência de consumo hoje na forma da já citada literatura para uma ‘melhoria do espírito’, palestras motivacionais, terapias, meditação zen e um sem número de outras ferramentas que buscam o ‘desenvolvimento do ser’. “Só o conhecimento salva”, dizem os propagadores da disciplina da auto-melhoria contínua da alma. Tolos! Pois desconhecem o bálsamo da estupidez. Como é bom o ópio sedativo da ignorância. Não sabem o que estão perdendo. Satisfação plena sem a necessidade de lições passo a passo para se chegar à plenitude. Como é boa a sensação de gado que o desconhecimento proporciona. Não querer saber quem é, esse é o verdadeiro caminho para a felicidade. O conhecimento das ‘origens dos traumas’, a ‘gênese das disfunções psíquicas’, dos nossos ‘medos’, são impedimentos de obtermos uma verdadeira desinformação de nós mesmos. Não ‘saber para onde está indo’, não se preocupar com o ‘crescimento da personalidade’, do ‘caráter’, é a melhor maneira de se chegar a um estado de insingularidade como ser humano. Por uma personalidade de massa eu luto. Diga não você também a uma cultura do conhecimento. Entretanto, como diria Gilles Deleuze, diga sim a uma “cultura do esquecimento: nenhuma cultura da rememoração, nenhuma cultura do passado, mas um apelo ao esquecimento como condição de experimentação”. Alienação de si mesmo como meta para a vida enfim.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Lula é o meu Herói



Nosso presidente é mesmo do caralho. Adoro ver seus discursos e suas entrevistas. O uso corrente de metáforas, elipses e outras figuras de linguagem deixam qualquer um morrendo de inveja. Ele é muito engraçado. Suas frases são dignas de tese, tamanho conteúdo intelectual nelas contidas. Uma delas é essa aqui, num evento sobre o clima:
“Eu já disse várias vezes: Freud dizia que tinha algumas coisas que a humanidade não controlaria. Uma dela era as intempéries”. O pai da psicanálise como referência para explicar seu pensamento. Não concorda comigo sobre a genialidade de nosso presidente? Então toma mais essa:
“Então, essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado ou retangular, e a gente soubesse que o nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá. Mas, como o mundo gira, e a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído (?????????????), a responsabilidade é de todos”. Mais frases tiradas do repertório de nosso grande líder eu encontrei no livro do Marcelo Tas “Nunca na história desse país”. Hilário. Cultíssimo!!

A religião do pastor Freud

A psicanálise como disciplina de interpretação das possíveis causas dos desejos recalcados e suas respectivas patologias, ou como método curativo através do ato da confidência, está na moda nos tempos atuais. Complexo de Édipo, castração, fálico, ego, i.d., super-ego e inconsciente são alguns exemplos dos chavões utilizados pela terminologia sagrada do doutor/pastor Freud. Quando alguém se submete a uma análise, todo o seu discurso na ‘verdade’ quer dizer outra coisa. Fica a cargo do analista exprimir o significado do que foi dito, restando ao paciente aceita-lo como verdade, pois o analista é o detentor do conhecimento do inconsciente do analisado. Assim como na igreja, onde o pastor é o detentor do conhecimento a cerca de Deus, o analista dogmatiza o discurso do analisado e ‘castra’ qualquer possibilidade de multiplicidade do mesmo discurso. Além de que, malogra o inconsciente e age como quem quer eliminar um mal. Os textos sagrados do doutor Freud são cheios de caminhos para se chegar a uma ‘verdade’. Toda a parafernália interpretativa dos psicólogos é o equivalente mais culto das ferramentas de indução de fiéis da igreja do bispo Edir Macedo. Nada mais, nada menos. Merdas criadoras de um sentido mais “profundo” para a vida.
Como se a vida tivesse um sentido mais profundo do que ela própria.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Reconhecer a inverdade como condição de vida"

Esperança.
Ah, como é bom o som dessa palavra! Uma mentira para perseguirmos. Uma mentira que nos faz acordar todos os dias. Uma mentira que nos faz viver!
E o bom é que ela pode ser qualquer coisa, qualquer ideia, palavra ou simbolismo. Ela pode ser um bem material: a tão sonhada casa própria, o carro do ano, o celular ultra moderno etc... Ela pode ser também sentimentos: felicidade, amor, alegria etc... Ou pode ser também ideais abstratos ou utópicos: a carreira dos meus sonhos, reconhecimento, um mundo mais justo, o reino de deus, paz mundial, fim da fome etc...
Todos nós devemos ter a nossa mentira pessoal ou coletiva, e persegui-la com todas as nossas forças. Basta escolher uma ou até mesmo várias pra acordar no outro dia muito mais disposto e feliz. Não é incrivel como é fácil??? E olhem que já acusaram a "Esperança" de pior de todos os males. Quão levianos eram aqueles gregos. Eles, os grandes detentores da razão.
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