quarta-feira, 13 de julho de 2011

Carta a Mãe (2ª Parte)

Edvard Munch, Separação


Querida Mãe,

Gostaria de dizer-lhe por meio desta carta que estou muito bem, e que indubitavelmente cada vez mais, estou firme em minha convicção de buscar os meus objetivos, e de zelar pelo bem estar dos que me são queridos. É com imenso prazer que admito estar aproveitando todas as fases de minha vida, mesmo com os problemas que ela invariavelmente podem nos trazer. Como você bem deve saber, as crises e os problemas são partes da vida também.

Como estou na expectativa de ser pai pela segunda vez, espero poder usufruir da oportunidade de contribuir no desenvolvimento de meu filho, além de curtir cada segundo a seu lado. A mudança de visão de mundo que a expectativa do nascimento de um filho produz em um pai é mesmo indescritível.

Entretanto confesso ter ficado triste com sua decisão de não querer manter mais contato com seus filhos. Mesmo que você justifique tal atitude tendo como embasamento suas convicções religiosas, penso que isto não seria motivo suficiente para tal decisão. Se eu não acredito nas doutrinas de sua religião isso não poderia nos proibir de manter contato, visto que eu não me importo nem um pouco se a senhora acredita em qualquer coisa em que eu acredito. Isso não é relevante. É por essa razão e muitas outras que tenho um certo olhar de desaprovação em relação a suas afirmativas de dizer ‘o quanto ama seus filhos’. Se tudo isso é um esforço seu em querer nos forçar a freqüentar sua igreja, essa tentativa é com todo respeito, muito infantil e egoísta e consequentemente em vão.

Gostaria de lhe dizer também que você não me faz sofrer como a senhora imagina. Não precisa se desculpar.  Tenho uma vida gratificante e tento com isso administrar ela da melhor maneira. Como disse anteriormente, apenas fico triste em saber de sua decisão. Dentre muitas coisas, posso dizer que tanto você como eu, perderemos muito com esse relacionamento desfeito. Espero apenas que você consiga com isso tudo o que deseja, seja lá o que realmente for.

No mais, quero que seja feliz em sua vida e que a igreja traga tudo o que você não conseguiu com seus filhos. Ela realmente pode ser um lugar de refúgio para todos aqueles que de alguma forma se sentem sós. Tornamos-nos muito diferentes um do outro e não há nada o que possamos fazer em relação a isso.

Posso lhe dizer que guardarei sempre na memória, a vida que tivemos e tudo aquilo que passamos juntos. Foram muitos momentos felizes e também infelizes que me trazem saudades. A vida cuidou para que estes momentos fossem fundamentais para minha formação e me transformassem naquilo que sou hoje.

Adeus,

Le..........  

Esta carta é uma resposta de Carta ao Filho

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