sexta-feira, 15 de julho de 2011

93 anos de Bergman.

Se Ingmar Bergman estivesse vivo teria completado ontem, 93 anos de idade. Diretor de cinema extremamente habilidoso e original demonstrou através de seus filmes, como o cinema pode ser uma verdadeira obra de arte.  Encarar a 7ª arte como diversão ou simples entretenimento nunca foi a intenção de Bergmam, e isso se torna evidente na análise de sua obra. 

 Com ele o cinema ganhou características de ensaio filosófico, preocupado em revelar a profundidade dos sentimentos e inquietações humanas. Nos relacionamentos entre os personagens de seus filmes, fica claro o mal estar causado pela dificuldade de se comunicarem e pelas incompatibilidades entre si. A intenção do cineasta era expor ao público, como o ser humano tem dificuldades no relacionar com o outro. A temática da descrença no progresso contínuo da humanidade e nos valores religiosos, bem como o desespero do homem em suportar um mundo hostil e sem finalidade, são recorrentes em suas obras. Todos eles retratam os personagens numa incansável busca pelo sentido último da existência, como se tentassem encontrar algo pelo qual a angústia e o mal estar do viver possam encontrar alívio.

 

 Sua obra cinematográfica é vasta e recheada de obras primas. Uma delas é o emblemático “O Sétimo Selo”, no qual traz a problemática da fé e da morte. Um cavaleiro cristão retorna depois de muitos anos em batalha na guerra das Cruzadas para a Suécia, sua terra natal. Ao chegar encontra seu país arrasado pela peste negra. Decepcionado com os horrores da guerra bem como a miséria que presencia ao voltar, entra em desespero. Questiona-se sobre a existência de deus e do porque de tanto sofrimento. Depois, ao deparar-se com a morte, propõe a ela uma disputa em um jogo de xadrez, a fim de ganhar tempo, ou quem sabe, se tiver sorte, se livrar do fim eminente. Em nenhum momento ele consegue respostas para suas indagações que tanto o angustiam, dando-se conta assim que não há salvação, e que a morte sempre vence no final. 

Em “Morangos Silvestres”, outra obra prima do cineasta sueco, após o indescritível início, somos presenteados por Bergman com um inesquecível road movie filosófico. Um velho professor aposentado, que possui como marca registrada o egoísmo, leva a nora em uma longa viagem de carro, após recusar-se a viajar de avião. Durante o caminho, em uma aflitiva seqüência de cenas onde analisa a própria vida, relembra fatos e momentos dela, onde percebe as conseqüências das ações tomadas, chegando a também a conclusão da inexistência de salvação, e que somente o amor podem tornar a existência mais suportável.  

Estes dois são alguns dos mais de 46 filmes dirigidos e roteirizados por um dos maiores cineastas da história do cinema. Os filmes de Bergman relatam de uma forma trágica a visão de mundo do diretor, que embora não seja muito otimista, consegue de uma maneira ímpar apreciar a beleza da vida, enquanto ela própria revolve-se em um mar de lama.  

Logo abaixo, um vídeo produzido pela revista Veja, que ressalta as principais obras do cineasta.  




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