quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Verdade ou inverdade


Mudo o tom sarcástico e impessoal deste blog para um que além de ser mais sério, (se é que eu consiga escrever algo sério) seja também na 1ª pessoa, a fim de diminuir a distância entre eu, e quem quer que esteja com tempo sobrando e possa ler o que escrevo.
Devido a minha falta de formação intelectual superior (terminei o segundo grau em um supletivo com aulas a distancia), minha inabilidade e falta de prática (ou por falta de competência mesmo) com a língua portuguesa, peço de antemão desculpas pelos possíveis erros de gramática, concordância e outros erros que eu, por qualquer outro motivo, por ventura possa cometer e assim assassinar a língua de Camões.
O assunto responsável por tal mudança de postura, sempre foi alvo de minha atenção e gostaria de compartilhar minha opinião sobre o tema com possíveis leitores (já que só tenho quatro leitores, incluindo minha irmã) que demonstrando interesse, possam comentar esse post, ajudando a clarear mutuamente as ideias.
Trata-se do interminável debate entre ateus e crentes que como mariposas, continuam a bater na lâmpada do confronto a fim de provar algo que não pode ser provado. Minha infância até a adolescência (por volta dos 16 anos) foi um período em que fui (ou pelo menos, tentei ser) Testemunha de Jeová (ou pelo menos, fingi bem). O que vi ao longo desses anos, e depois deles também, foi que existe uma necessidade interminável (eu mesmo fui acometido por essa necessidade) de provar a existência ou inexistência de um Deus.
Entretanto essa questão que, aos meus olhos é infrutífera (para não dizer inútil) devido à impossibilidade de se chegar a um consenso viável, é fonte de intermináveis discussões que às vezes impossibilitam a convivência pacífica entre indivíduos de uma sociedade que se diz igualitária. O respeito às crenças alheias ou até mesmo a falta delas, deveria fazer parte do repertório moral das sociedades democráticas. Deveria, mas como podemos observar, isto está longe de ser efetivamente realizado.
Tanto as doutrinas dos crédulos quanto a dos ateus podem se tornar fundamentalistas se tomarmos como definição de fundamentalismo: uma crença irracional e exagerada, uma posição dogmática ou até um certo fanatismo em relação a determinadas opiniões. O que significa menos diálogo, pois quer por vaidade ou por orgulho na maioria dos casos, nenhumas das partes aceita a coexistência de ambas as idéias.
O ateísmo radical atualmente ganha voz com nomes como o biólogo americano Richard Dawkins autor do best-seller “Deus um delírio”, em que demonstra os problemas do asceticismo e suas generalidades, para fundamentar racionalmente a inexistência de qualquer tipo de entidade sobrenatural.
Do mesmo modo os crédulos tentam embasar suas teorias a luz da ciência numa tentativa de racionalizar, provar e demonstrar a existência de deus. Uns de seus representantes é William J. Tinkle professor de Biologia no Anderson College de Indiana, autor de vários artigos e livros que defendem a teoria criacionista do universo.
Cada um a seu modo tenta da melhor maneira possível, utilizar a razão para defender e fundamentar como verdade suas respectivas idéias, entretanto o consenso está longe de se tornar uma realidade e pelo visto o embate perdurará indefinidamente.
A procura de uma verdade em si mesma está na origem da discussão entre os dois grupos.

“A Verdade é um mero valor que atribuímos às coisas. Precisamos valorar as coisas para podermos nos guiar no mundo, a sobrevivência do organismo. A verdade não existe nelas (nas coisas), não passa de uma atribuição de valor”. [Nietzsche, Friedrich A gaia ciência].

Alguns filósofos descreveram que é inútil tentar provar uma verdade absoluta que valha para todos. O mais correto seria dizer que existem várias verdades, uma para cada visão de mundo de cada indivíduo. O que seria a verdade para nós não passa da nossa visão de mundo baseadas em nossas experiências e vivências, o que faz com que para outra pessoa essa mesma realidade se mostre de maneira diferente, pois também ela é baseada na sua visão de mundo e em suas experiências. Mesmo a ciência não explica os fenômenos apenas os descreve.
Devido a isso, interpretamos o mundo da maneira que nos convém. Nomeamos como verdade essa interpretação, e a utilizamos como um guia a fim de termos um parâmetro para que possamos nos basear. A fé na existência ou não de um Deus é uma interpretação que guia nossas ações, nossas escolhas, e nossos objetivos. A impossibilidade de se chegar ao conhecimento das coisas, torna obsoleta essa discussão.

(...) se a interpretação nunca se pode concluir, é muito simplesmente porque não há nada a interpretar. Nada há de absolutamente primeira a interpretar, pois no fundo tudo já é interpretação; cada signo é nele mesmo não a coisa que oferece à interpretação, mas interpretação de outros signos.” (FOUCAULT, 2000, p 47).

Devemos questionar a possibilidade de que tudo que acreditamos ser verdadeiro, mesmo nossas crenças e nossos valores mais profundos com os quais fundamentamos nossa personalidade, ser na verdade fruto de nossa interpretação de mundo. Abstrações necessárias para podermos viver. Símbolos que representam coisas que não existem, ou que não conhecemos totalmente devido a interpretação que atribuímos a elas. Tudo é fé para um sentido específico. Só assim perceberemos o quanto de nossas forças (para provar nossa verdade) foi gastas em vão.

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